10 coisas para fazer em Alfama
Deixe-se cativar pelos recantos do bairro mais antigo da cidade.

Vista de Alfama, Lisboa | ©Filiz Elaerts
Ruas íngremes, miradouros, casas em tons pastel, bondes e melodias de fado: Alfama é uma Lisboa em miniatura e explorá-la significa mergulhar numa zona muito autêntica. Continue lendo e descubra o que ver e fazer nesta zona da capital portuguesa.
1. Escolha um tour guiado
Uma boa maneira de conhecer Alfama é através de um tour guiado. Você descobrirá o bairro mais antigo da capital portuguesa com um guia experiente que o levará aos principais pontos turísticos da região. Essas excursões urbanas por Lisboa geralmente duram entre duas e três horas e passam pelos pontos emblemáticos do bairro: a Catedral, os mirantes e o Castelo de São Jorge. Os passeios podem ser realizados em espanhol e estão disponíveis tanto pela manhã quanto à tarde. Normalmente, partem de um local do bairro ou da central Praça do Comércio, na Baixa. Quanto ao preço, costuma rondar os 15 €.
Se você tem pouco tempo, esta é a melhor opção. Os guias conhecem os atalhos e as atrações históricas mais interessantes.
2. Suba à fortaleza de Alfama
O Castelo de São Jorge domina a capital do alto de uma colina. A sua fundação remonta ao século VIII, quando os muçulmanos controlavam grande parte de Portugal. Naquela época, Lisboa era conhecida como al-Ushbuna e era um importante centro administrativo e comercial. Infelizmente, entre os séculos XVI e XVIII, entrou em decadência devido aos numerosos terramotos que assolaram o país.
As reformas realizadas entre 1938 e 1944 e na década de 1990 devolveram ao castelo parte de sua antiga glória. Hoje, é um dos monumentos mais visitados da cidade e sua principal atração é a vista incomparável sobre Lisboa e o rio Tejo. Tire algumas fotos e continue seu passeio até o Castillejo (a antiga fortaleza muçulmana), a Torre del Homenaje (Torre de Menagem, a maior e onde era hasteada a bandeira real) e a câmera escura, um sistema de lentes e espelhos que permite ver a cidade em 360º e em tempo real.
Por estar localizado no topo de uma colina, você terá que subir a Rua de Santa Cruz do Castelo, uma rua que leva até a entrada da fortaleza.
3. Entre em uma antiga igreja convertida em mausoléu
A silhueta branca do Panteão Nacional de Lisboa (Panteão Nacional) destaca-se dos telhados de Alfama. Do exterior, a entrada monumental e a grande cúpula lembram uma igreja e, de facto, essa era a sua utilização original. No final do século XVII, a infanta Maria de Portugal ordenou a construção de um templo para abrigar as relíquias de Santa Engrácia, mas, menos de um século depois, uma tempestade elétrica destruiu-o. No século XIX, a Revolução Liberal trouxe consigo a República, que designou este local como o mais adequado para abrigar os túmulos dos portugueses ilustres.
No seu interior repousam personalidades como Pedro Álvares Cabral, a dama do fado Amália Rodrigues ou Eusébio, a lenda do futebol português. Outra atração do Panteão Nacional é o seu grande terraço panorâmico com vista para o bairro de Alfama. O monumento está aberto de terça a domingo (das 10h às 18h no verão e das 10h às 17h no inverno) e a entrada custa cerca de 4 €.
Se gosta de arquitetura religiosa, a cerca de cinco minutos a pé do Panteão encontra-se a Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora. O templo foi reformado no século XVI, segundo o projeto do arquiteto italiano Filippo Terzi.
Visite a Casa dos Bicos e mergulhe nas obras de Saramago
4. Visite a Casa dos Bicos e mergulhe nas obras de Saramago
A Casa dos Bicos foi construída em 1523 por Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia Afonso de Albuquerque. O nobre português viajou para a Itália e ficou impressionado com a arquitetura renascentista. Ao regressar a Portugal, mandou construir uma residência que se caracteriza pelos picos da fachada e pelas formas irregulares das portas e janelas.
Segundo os entendidos, está inspirada no Palácio dos Diamantes de Ferrara. O edifício fica na Rua dos Bacalhoeiros, 14, e o nome desta rua dá-nos uma pista. No século XX, a Casa dos Bicos perdeu a sua função residencial e tornou-se um armazém de bacalhau.
Atualmente, é a sede da Fundação José Saramago e alberga uma exposição permanente intitulada “A Semente dos Frutos”. A coleção inclui livros, manuscritos originais, fotografias e outros documentos relacionados ou que pertenceram ao escritor. O museu está aberto de segunda a sábado, das 10h às 18h.
Se gosta de arqueologia, no piso térreo da Casa dos Bicos encontra uma série de estruturas antigas: uma parte da muralha fernandina, tanques da época romana destinados à conservação de peixe e vestígios da cerca islâmica.
5. Desfrute da vista panorâmica
Lisboa é uma cidade de colinas, encostas e esplanadas. Nenhuma visita pode ser completa sem uma paragem nos miradouros espalhados pela geografia da capital. No bairro de Alfama, os miradouros mais bonitos e famosos são essencialmente dois:
- Mirante Portas do Sol (Largo Portas do Sol), uma varanda com vista para a Igreja de São Vicente de Fora, o centro histórico e as águas do Tejo. Possivelmente, é o melhor mirante da cidade. O famoso bonde 28 passa por aqui, razão pela qual é bastante frequentado por turistas. Mesmo assim, vale a pena dar uma passada para apreciar a vista e ouvir os músicos de rua.
- A pouca distância, você também encontrará o Mirador de Santa Luzia (Largo Santa Luzia). O mirante é composto por dois andares e é decorado com uma cobertura onde trepam buganvílias, colunas e azulejos. Daqui, avistam-se as igrejas de São Miguel e Santo Estêvão, a cúpula do Panteão Nacional e o bairro de Alfama. O local é frequentado por pintores e artesãos que vendem seus produtos.
A dica de Mateo
Se você estiver hospedado nas proximidades do Mirador Portas do Sol e não se importar de acordar cedo, recomendo visitar o mirante logo pela manhã. É o melhor lugar para ver o nascer do sol.
6. Experimente as iguarias lusas
Depois de um longo passeio, é preciso recuperar as forças e sentar-se um pouco para comer. Em Alfama, não faltam opções, pois suas ruas estreitas escondem estabelecimentos que oferecem receitas tradicionais a preços acessíveis. Continue lendo e descubra onde vale a pena parar sem gastar muito:
- Cervejaria Ramiro, um clássico do bairro. Apesar do nome, é um dos melhores restaurantes de peixe e marisco da cidade. (Avenida Almirante Reis 1)
- Le Petit Café, um restaurante a meio caminho entre a catedral e o castelo. O seu menu oferece uma ampla seleção de peixe. Se quiser provar a especialidade da casa, recomendo pedir um prato à base de polvo. (Largo São Martinho)
- O Beco, um estabelecimento conhecido pelo seu bacalhau à Brás. Sente-se nas suas mesas e desfrute das porções generosas (Beco do Espírito Santo 9)
- Almargem, uma taberna simples e barata a dois passos da catedral. (Travessa do Almargem, 4)
Se você procura um restaurante vegetariano, o Princesa do Castelo (Rua do Salvador 64A) serve pratos veganos, vegetarianos e macrobióticos. Outra opção é o The Food Temple, na rua Beco do Jasmim 18.
7. Procure uma lembrança diferente
Todas as terças e sábados, o Campo de Santa Clara recebe o mercado de pulgas mais típico da cidade: a Feira da Ladra. Como você pode imaginar, no passado era o local onde se vendiam objetos roubados, enquanto hoje em dia abriga um bom número de vendedores e artesãos locais. Aqui você pode comprar roupas novas e usadas, discos de vinil, livros em segunda mão, cerâmicas, bijuterias, azulejos, câmeras fotográficas antigas e muito mais. Vale a pena passear entre as barracas para adquirir uma lembrança original. A origem da Feira da Ladra remonta à Idade Média e é um ponto obrigatório da capital portuguesa.
Depois das compras, você pode descansar um pouco no Jardim Botto Machado, uma área verde muito apreciada pelos lisboetas. Nesse local fica o Clara Clara, um café com terraço à sombra de uma árvore de hibisco.
8. Experimente os famosos pastéis de Belém em Santo António
A história dos pastéis de nata está ligada à história de Lisboa. Tudo começou em 1820, o ano da Revolução Liberal. Nesse ano, os burgueses descontentes com a situação do país obrigaram o rei a regressar a Portugal e a devolver o Brasil ao estatuto de colónia. Nesta situação convulsa, as ordens religiosas começaram a sofrer muitos encerramentos e os frades do Mosteiro dos Jerónimos (entre outros) deixaram de receber fundos. Para paliar a crise, os monges começaram a vender doces à base de gemas de ovos fora do local sagrado.
Esses doces fizeram tanto sucesso que a receita original foi adquirida em 1837 pela Fábrica de Pastéis de Belém, um dos estabelecimentos mais conhecidos da capital portuguesa.
No entanto, a melhor confeitaria fica no bairro de Alfama. A Pastelaria Santo António parece ter encontrado a fórmula perfeita para misturar leite, açúcar, baunilha e gemas de ovo. A confeitaria ganhou o concurso do melhor pastel de nata de Lisboa em 2019, promovido pelo festival gastronômico Peixe em Lisboa.
A dica de Mateo
Os pastéis de Belém são um presente perfeito para familiares e amigos. Se você viajar perto do Natal, também pode voltar para casa com um bolo rainha, o bolo de rei português. Na famosa Confeitaria Nacional, você encontrará uma grande variedade de doces típicos.
9. Pegue o bonde 28
Tram 28
Além do passeio gratuito, outra maneira de conhecer o bairro é através do bonde 28. Para pegar este meio de transporte, você deve se dirigir à Praça Martim Moniz, uma praça da Baixa. Depois de deixar a parte plana da cidade, o bonde sobe as ruas íngremes da capital e passa pelos principais monumentos de Alfama: a catedral, os mirantes e o castelo. O trajeto termina na estação de Campo Ourique, no Bairro Alto. Quanto à duração, pode variar dependendo da hora e do trânsito. Normalmente, o percurso completo dura cerca de 50 minutos.
O bilhete simples custa cerca de 2,90 €. Se você pretende pegá-lo mais de uma vez, recomendo escolher um bilhete diário, que custa aproximadamente 6,15 €. Em qualquer caso, tenha cuidado. Por ser frequentado por turistas, você pode se deparar com algum batedor de carteira.
10. Termine o passeio em uma taberna de fado
Alfama é um dos bairros mais antigos de Lisboa. Aqui vivem os autênticos lisboetas e suas ruelas são o lugar preferido para ouvir fado. Alguns acreditam que o gênero deriva dos cantos melancólicos dos muçulmanos após a reconquista cristã, outros consideram que vem da influência da música brasileira. O que é certo é que o fado é sinônimo de Portugal e os melhores bares que o oferecem estão em Alfama.
Um deles é o Parreirinha de Alfama (Beco do Espírito Santo 1), um estabelecimento que deve sua fortuna a Argentina Santos, uma das cantoras mais talentosas de sua época. Nos anos 50, a artista colocou este bar no mapa graças às suas lendárias interpretações e às colaborações com cantores do calibre de Berta Cardoso, Alfredo Marceneiro e Celeste Rodrigues.
Outro bar com uma grande tradição e um bom número de críticas positivas é o Clube de Fado (Rua S. João Praça 86), um local histórico a dois passos da Catedral de Lisboa. Para uma experiência ainda mais autêntica, você pode optar pelo A viela do Fado, um lugar minúsculo na Rua dos Remédios 111. Se você quiser comer enquanto aprecia música ao vivo, recomendo ler o post Jantar com Fado em Lisboa: as melhores opções.
Tenha cuidado com os petiscos que os garçons servem. Eles não estão incluídos no preço e são cobrados à parte.
